quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A invasão da Geórgia pela Rússia aumentou as tensões !!!

28/08/2008 - 21h50
Rússia ameaça interromper cooperação com Ocidente sobre Irã

da Folha Online

O premiê russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que os países ocidentais terão de resolver o impasse sobre o programa nuclear do Irã sem a ajuda da Rússia se continuarem com a pressão e tentativas de isolamento iniciadas com o conflito na Geórgia.
Ainda nesta quinta, a Casa Branca afirmou que considerava a possibilidade de abandonar um pacto de cooperação nuclear com a Rússia em resposta a ações de Moscou na Geórgia.


Por sua parte, a França, que detém a Presidência rotativa da União Européia anunciou que os líderes do bloco irão estudar a imposição de sanções contra a Rússia na semana que vem.

A invasão da Geórgia pela Rússia aumentou as tensões com o Ocidente, que assim como Moscou, não quer que o Irã use seu programa nuclear para construir uma bomba atômica. Teerã afirma que o objetivo do programa é produzir energia elétrica, mas os países ocidentais acreditam que o país esteja em busca de armas nucleares.

Questionado em entrevista à rede CNN se a tensão sobre a Geórgia poderia afetar a cooperação sobre o Irã, putin afirmou: "Se ninguém quer falar com a Rússia sobre essas questões e a cooperação com a Rússia não é necessária, então, pelo amor de deus façam vocês".

Uma transcrição da entrevista foi publicada no site oficial de Putin na internet
Putin, que exerceu dois mandatos consecutivos como presidente antes de deixar o cargo em maio e assumir como premiê, deixou claro que interromper a cooperação na questão do Irã não é sua opção preferida, dizendo que a Rússia e os EUA têm um interesse em comum em resolver o problema.

A Rússia, um dos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, apoiou três pacotes de sanções contra o Irã que visavam interromper o programa nuclear do país.
"Trabalho consciente"
Segundo a transcrição, Putin disse na entrevista que Moscou tem trabalhado "com consistência e consciência" com seus parceiros sobre a questão iraniana. "Não porque alguém nos pediu e não porque queremos parecer bem aos olhos de alguém", afirmou Putin sobre a cooperação.
"Fazemos isso pois corresponde aos nossos interesses nacionais, porque nessa área nossos interesses coincidem com aqueles de muitos países europeus e dos EUA."

As relações entre Moscou e Washington entraram em seu momento mais tenso --desde o fim da Guerra Fria-- após o Kremlin enviar tropas para frustrar uma tentativa da vizinha Geórgia de retomar o controle sobre a região separatista da Ossétia do Sul, que conta com o apoio de Moscou.

Países ocidentais afirmam que a Rússia foi muito longe ao levar tropas para além da região separatista, para dentro do território georgiano, e condenaram o Kremilin por reconhecer a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, outra Província separatista da Geórgia.

A Rússia dá sinais de que, apesar da tensão criada em razão da Geórgia, Moscou continua engajado com seus parceiros na questão do Irã nesta quinta-feira, quando o presidente russo, Dmitri Medvedev se encontrou com seu homólogo iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

Por iniciativa de Medvedev, os dois líderes discutiram o programa nuclear iraniano na capital do Tadjiquistão, Duchambe, onde participam da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai.
"O presidente russo levantou a possibilidade de continuar o diálogo e a discussão (com o Irã)", afirmou Natalia Timakova, porta-voz de Medvedev, sem dar maiores detalhes.


Washington tem pressionado por mais sanções contra Teerã no Conselho de Segurança e precisa do apoio russo para aprová-las.

A Rússia diz não querer que o Irã tenha armas nucleares, mas afirma que a República Islâmica tem o direito de desenvolver um programa nuclear pacífico.

Cooperação nuclear

A Casa Branca disse nesta quinta-feira que considerava a possibilidade de abandonar um pacto de cooperação nuclear com a Rússia em resposta a ações de Moscou na Geórgia.
"Não acredito que ainda haja algo para anunciar, mas sei que há discussões" sobre o assunto, declarou a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, ouvida sobre a possibilidade de Washington invalidar o acordo firmado em 6 de maio entre Rússia e Estados Unidos.
O acordo permite a ambos os países desenvolverem relações comerciais neste setor lutando ao mesmo tempo contra a proliferação nuclear.

Com duração prevista de 30 anos, o acordo permite "a transferência de tecnologia, material, equipamento e componentes para a pesquisa nuclear e a produção de eletricidade", segundo documento fornecido pelos Estados Unidos no momento da assinatura do acordo.

A Casa Branca havia indicado segunda-feira que os Estados Unidos reexaminavam "o conjunto de sua relação com a Rússia, a médio e a longo prazos", assinalando que Moscou continuava sem respeitar o acordo de cessar-fogo com a Geórgia.

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